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Paradoxos da medicina personalizada

Notícias Sexta, 30 Outubro 2015 18:29

Fonte: LabNetwork

Segundo o patologista Manuel Sobrinho-Simões, professor, pesquisador e diretor do IPATIMUP – Instituto de Patologia Molecular e Imunologia da Universidade do Porto, Portugal, o futuro do diagnóstico na era da medicina personalizada passará por aspectos contraditórios. “De um lado temos a capacidade de realizar estudos genéticos cada vez mais fáceis e baratos. Do outro, será fundamental não exagerar na utilização dessa capacidade tecnológica, caso contrário, entraremos em um cenário de excesso de diagnóstico e de tratamento”.

Esse aparente paradoxo será o tema central da palestra proferida por Sobrinho-Simões no 30º Congresso Brasileiro de Patologia, maior evento nacional da especialidade, que acontece em São Paulo, entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro. Realizado pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), o congresso reunirá grandes nomes brasileiros e internacionais da Patologia para discutir os rumos da especialidade que lida diretamente com o diagnóstico.

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Sobrinho-Simões destaca que a Patologia já evoluiu bastante nos últimos anos, sobretudo com o enriquecimento da anatomia patológica clássica. Áreas como macroscopia, citologia, histologia e imunocitoquímica têm sido cada vez mais entendidas e ampliadas com os dados obtidos pela genética molecular. Esses avanços permitem ao patologista trazer seu parecer cada vez mais para o campo da conduta terapêutica, aplicando seu conhecimento na escolha da melhor opção para cada paciente.

“Essas mudanças são sentidas no cotidiano médico sobretudo em dois níveis. Primeiro vemos uma necessidade cada vez maior da criação de bancos de tecidos e tumores a partir de todos os casos sem exceção, já que é dessa prática que resultarão as informações indispensáveis para progredir na compreensão das doenças. Além disso, vemos uma capacidade crescente de decidir com mais precisão qual o melhor tratamento (desde a cirurgia às terapêuticas biológicas com alvos bem identificados)”, conta Sobrinho-Simões.

Futuro e ensino

Segundo o palestrante do Congresso Brasileiro de Patologia, o futuro da medicina necessitará cada vez mais de patologistas capazes de incorporar seus conhecimentos clássicos aos elementos obtidos pela genética molecular. Ainda assim, é fundamental que a incorporação dos dados moleculares não obscureça a importância do conhecimento anterior enraizado. “O estadiamento de um câncer realizado por um patologista, por exemplo, continua a ser um fator prognóstico muito mais importante do que qualquer mutação e/ou arranjo genético”, explica.

Outra tendência apontada pelo especialista português é que o anatomopatologista do futuro tenha que saber cada vez mais de medicina clínica. Segundo ele, será cada vez mais fundamental que esse profissional esteja mais próximo do doente para, dessa forma, conseguir empregar suas técnicas e conhecimentos na escolha da melhor forma de tratamento.

“Para ser capaz desta tripla atuação (anatomopatológica, clínica e na genética molecular) ele precisará continuar a fazer uma formação muito exigente nos domínios clássicos e nos novos domínios moleculares. Mais do que isso, será preciso trabalhar cada vez mais em equipas multidisciplinares”, finaliza.

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